A Síndrome da montanha mais próxima

Eu nunca pensei que fosse um dia precisar me mudar para uma montanha.
Também nunca achei que um dia o mundo iria acabar e que estivesse tão ameaçado.
Eu ainda não me mudei para uma montanha, e o mundo também não acabou, por isso continuo respirando o ar poluído de São Paulo, que em uma analise mais profunda, parece ter não sei quantos metais pesados e gases venenosos em sua composição.Acho que por volta de 60.
Devo ser um dos milhões de cretinos que acreditam que é fantástico morar em uma cidade cara, poluída e violenta.Mas eu nasci aqui, e me sinto em casa, fazer o que?
Todo mundo que está em São Paulo ou em um grande centro do mundo, está principalmente por dinheiro. E eu não condeno a ninguém, porque aqui as oportunidades são muitas e se ganha muito dinheiro, se você trabalhar, trabalhar e trabalhar.
Acontece que eu venho observando um fenômeno interessante com muitas pessoas que trabalham, trabalham e trabalham: não vejo ninguém feliz. A felicidade está em algum lugar distante, talvez na casa da praia ou na montanha mais próxima de São Paulo, claro, porque se não gostar da tal felicidade, a gente volta correndo.
As pessoas trabalham muito para ter uma vida mais confortável (mais cara) e uma vida mais segura (não existe segurança), para depois morrer em um hospital caro e confiável, como se fosse muito diferente de morrer em qualquer hospital.
Meus amigos de Urano me dizem : “vocês tem medo de se tornar cidadãos de quinta categoria ao se mudar para a montanha mais próxima ou para o litoral, onde a vida é mais calma e mais equilibrada, quando já se tornaram cidadãos de quinta categoria morando nos grandes centros. Mudem-se já e vivam a plenitude de suas existências!”
Eu sei o quanto é difícil abandonar tudo para ir morar em algum lugar que você sempre sonhou, porque infelizmente nós não acreditamos mais na felicidade. Nós acreditamos no poder do dinheiro, nas amizades influentes, no jogo do poder e na capacidade medíocre, é verdade, de ostentar o quanto se ganhou nesta vida. Não somos mais como brilhantes seres humanos do passado que ganhavam seu dinheiro, mas não viviam por ele e para ele. Davam mais valor a vida em si, as suas amizades reais, as boas conversas e a boa comida, ao redor de uma mesa sem pressa, sem ter que comer rápido para ir a algum escritório estressante de qualquer grande cidade do planeta.
Os jovens de hoje querem ser milionários, jogadores de futebol, traficantes…porque são filhos de pais ambiciosos, que pagam caro para colocar seus filhos nas escolas mais caras para se tornarem adultos competitivos! E pra que? Por dinheiro, simples assim.
Nossa sociedade atual tornou-se pobre em valores, e se mata por quase nada, porque a morte tornou-se uma espécie de moeda de troca em nossa piramide social. Nossa tv é violenta, cheia de aberrações e exemplos furados de “bem sucedidos”, que são massacrados pela própria tv quando cometem um deslize, seja financeiro ou de ordem moral.
Por essas e por outras é que eu acho que o mundo realmente está acabando. Não importa se virá um planeta gigante ao encontro da Terra, ou se um megatsunami nos apanhará na calada da noite. A verdade é que do jeito que está, está muito ruim, para quem tem dinheiro ou não. A infelicidade está no palácio ou embaixo da ponte. Não importa.
Só sei que ela não estará também dentro de nós, se não pararmos por um instante e nos ouvirmos.O que é que a nossa essência quer que façamos? Se a resposta for vá embora, mude-se, não serei eu que irá discutir. Enquanto esta resposta não vem, fico admirando a montanha mais próxima e a praia mais linda nas fotografias, envolvido por minha absoluta falta de coragem de iniciar a mudança enquanto seu Nibiru não vem. E aí, pode ser tarde demais.

2 thoughts on “A Síndrome da montanha mais próxima

  1. Del, dei uma olhada rápida no Blog, e está demais. Vou ler depois tudo com calma. Parabéns !!!
    Este post li na íntegra, me chama a atenção sobre o conselho em comum que diferentes seres dimensionais nos dão sobre mudar para locais mais tranquilos e menos povoados.
    Também nasci em Sampa, gosto da cidade, mas já tentei mudar por duas vezes e não deu certo. Na verdade, em 83, eu, o esposo e o filho de 2a, nos mudamos para uma tranquila cidade no norte do PR. Fui grávida de minha filha que nasceu lá. Fomos tocar um negócio próprio. Nada deu certo. Não tivemos apoio emocional de ninguém e sentimos muita solidão. Perdemos tudo que tínhamos e eu e meu esposo, depois de 3 anos tivemos que voltar para cá, pra trabalhar novamente em empresas. Começamos tudo de novo e do nada. Passaram alguns anos, nos estabelizamos novamente, e em 2004, fiz um acordo na empresa que trabalhei por anos, meu esposo foi dispensado na firma dele, juntamos tudo e compramos um pequena loja, num shopping da Santos. Outra vez, nada se encaminhou como tínhamos planejado. O contrato do negócio que foi feito através de uma imobiliária não foi aceito pelo Shopping, não foi renovado, mais prejuízos e depois de 6 meses, lá estamos nós de volta em Sampa, e o sonho de morar no litoral se foi de vez.
    Depois de tudo isto, me conscientizei que aqui é meu lugar. Pois somente tive decepções, sofrimentos e perdas quando aqui deixei. Aqui vamos tocando a vida….. emprego estável é complicado… mas sempre aparece novas oportunidade, os filhosvão se encaminhando… e todos procurando viver a vida da melhor forma possível, com serenidade e alegria. O nível de violência assusta… mas….vamos levando na fé.
    O mais triste disto é que as pessoas destes lugares que moramos, me pareceram muito mais medíocres e interesseiras do que as que convivo aqui na cidade grande…. e ao meu ver deveria ser ao contrário.
    Bem, fico por aqui…. a citação acima parece até uma novela, desculpe, mas quis deixar meu testemunho sobre que também pode-se viver bem numa grande metrópole.
    Abraços fraternais,

    1. Obrigado por seu depoimento Ivani. Entendo que toda mudança envolve perda. De algum tipo, mas sempre algo se perderá para que algo novo aconteça. Nem todas as pessoas estão estruturadas para efetuar mudanças, principalmente quando envolvemos família neste tipo de deslocamento. Os uranianos apenas estão nos alertando, que a cidade grande não protege ninguém, e que ao morar neles, temos acesso a muitas coisas positivas e muitas negativas também. Percebo que tudo está linkado com a energia do dinheiro, que move tudo na 3D. Enquanto estiver ancorados demasiadamente nesta energia, as mudanças terão que ser internas, pelo menos. O assunto é longo. Vamos em frente!
      Abraços!

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